Inauguro oficialmente o Blog com
Paulinho Moska. Como ele se autodenomina: um metido à besta profissional. Ele é
um dos meus compositores preferidos, no sentido mais amplo da expressão
“compor”. Neste post compartilho uma canção e uma entrevista. A primeira, um
registro claro de uma das suas características principais: o jogo com as
palavras. A segunda, uma síntese de um pouco do que eu penso sobre a atividade
artística da composição.
Muito pouco
Pronto
Agora que voltou tudo ao normal
Talvez você consiga ser menos rei
E um pouco mais real
Esqueça
As horas nunca andam para trás
Todo dia é dia de aprender um pouco
Do muito que a vida trás
Mas muito pra mim é tão pouco
E pouco é um pouco demais
Viver tá me deixando louco
Não sei mais do que sou capaz
Gritando pra não ficar rouco
Em guerra lutando por paz
Muito pra mim é tão pouco
E pouco eu não quero (mais)
Chega!
Não me condene pelo seu penar
Pesos e medidas não servem
Pra ninguém poder nos comparar
Por que
Eu não pertenço ao mesmo lugar
Em que você se afunda tão raso
Não dá nem pra tentar te salvar
...Veja
A qualidade está inferior
E não é a quantidade que faz
A estrutura de um grande amor
Simplesmente seja
O que você julgar ser o melhor
Mas lembre-se que tudo o que começa com muito
Pode acabar muito pior
Agora que voltou tudo ao normal
Talvez você consiga ser menos rei
E um pouco mais real
Esqueça
As horas nunca andam para trás
Todo dia é dia de aprender um pouco
Do muito que a vida trás
Mas muito pra mim é tão pouco
E pouco é um pouco demais
Viver tá me deixando louco
Não sei mais do que sou capaz
Gritando pra não ficar rouco
Em guerra lutando por paz
Muito pra mim é tão pouco
E pouco eu não quero (mais)
Chega!
Não me condene pelo seu penar
Pesos e medidas não servem
Pra ninguém poder nos comparar
Por que
Eu não pertenço ao mesmo lugar
Em que você se afunda tão raso
Não dá nem pra tentar te salvar
...Veja
A qualidade está inferior
E não é a quantidade que faz
A estrutura de um grande amor
Simplesmente seja
O que você julgar ser o melhor
Mas lembre-se que tudo o que começa com muito
Pode acabar muito pior
Gosto da mistura de ideias
contraditórias, que dá sempre um tom de provocação e que gera a reflexão. É a
função da arte, afinal. Não é (só) para ser bonito, é para desafiar; responder
bem menos do que perguntar.
Nas letras do Moska, não há nada de
muito sofisticado, assim como nas melodias. É uma poesia relativamente simples,
mas de uma sensibilidade exata, pontual, harmônica. Pode ser muito difícil
alcançar a simplicidade. Principalmente quando de forma proposital. Sinto que
é.
Muito pouco é uma canção com uma pegada de tango, que dá nome a um CD duplo,
em que um se chama Muito, e o outro se chama Pouco. Viva a contradição e a
coerência! Juntas elas fazem todo o sentido.
Gosto de compositores que o são com
convicção. Mas também gosto do Paulinho Moska, que diz que não é um cantor, não é violonista, não é músico,
não é poeta, não é fotógrafo, não é um apresentador de televisão, não é um
radialista. É um compositor, na medida em que compor é juntar coisas. Também é
genuíno. É arte.
Segue aqui o link de uma entrevista
que ele deu para o canal Saraiva Conteúdo,
em que resume um “pouco do muito” do que quero dizer. Aliás, vale contar que é
dele grande parte da minha inspiração para escrever sobre esse assunto. Assistam pelo youtube a poesia audiovisual de
um programa exibido pelo Canal Brasil, chamado Zoombido, apresentado pelo
Moska. Trata-se da prática dessa minha teoria. Ele entrevista compositores que
contam sobre os processos de criação e falam sobre referências artísticas e
raízes musicais. Muito do que aparecer por aqui, tem grandes chances de terem
nascido de algum desses episódios.
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